29/03/2007

Passa vazio

Não sei o que acontece
Não sei por que essa vibração
Não sei por que esse passa vazio
Não sei por que chove, nem solidão.

E não adianta buscar respostas
É sempre a mesma chateação:
Passarinhada?...
Anda sempre acordada!
Na chuva, na mata e no ser-tão.

Não adianta saber certas coisas
(que coisas?)
Coisas que só enfraquecem o coração.
Não adianta pedir esmolas
A quem só tem ceroulas por vocação.

Não adianta quase nada...
(pois, saiba: sou nada filósofo!)
Por isso não me leve tão a sério:
Certo?
Beba-me...
(bem ao gosto, ao seu critério)
Mais...
Esqueça-me,
quando puder!



Imagem disponível em: www.ilusaodeotica.com

13/03/2007

Amor maior (aquarela)


Cantarei a esse amor
(sempre, quando)
Cantarei a ele, amor maior,
conspiração minha e desengano.


Cantarei nas tardes serenas
e nas águas turvas também.
Cantarei com extrema doçura
a esse amor que só vai e vem.


Cantarei se preciso for
para ninar a dor e o silêncio.
Não sufocar tamanho amor
nem a tarde e o firmamento.


Cantarei sem que mereças
ou, mesmo, que me peças.
Cantarei para que não esqueças
a lua, a chama e a promessa.


Mas calarei quando preciso
(sem choro, sem vela)
Fragmentos do meu riso
fina-flor-estampa na aquarela.




Imagem: Aquarela feita com papel molhado por Gabriela Seltz.
Disponível em: www.sab.org.br/med-terap/liga/aquarela2.htm



10/03/2007

E daí?

Esqueceram de mim...
Esqueceram de mim...
E daí?

Esqueceram de mim
E nem por isso rosas deixaram de desabrochar
Nem pássaros verdes perderam o canto
Nem percevejos os espantos.



Mas...
Esqueceram de mim!
E apesar dos não-escândalos
Eu ainda clamo certa dança profana
com àses e valetes dos falantes, mudos e surdos
bazares, paralelos, dos bons e maus subterfúgios.

Mais...
esqueceram de mim:
Madrugada!
E daí?!

03/03/2007

Tempo no tempo



Há tempo de plantar
Há tempo de colher
Há tempo de não-estar
Há tempo de escolher.

Há tempo para cantarolar uma canção?
Ou nada fazer e ficar na contramão?
Há tempo só de ouvir?
Ou fingir falar, absolutamente, nada e partir?

Há tempo nas coisas sérias...
E de pasmar também o tempo
com a boca cheia de moscas..

Há tempo nas quimeras
Nas saias justas das moças
n
os tempos de Cinderela.

Há tempo no tempo
E o tempo tudo diz num dado tempo:
- Isso é só um passatempo!
Há bastante tempo...

Diria um filósofo na tarde
mirando a bela paisagem
(que passagem!)
Em seu cobertor de estrelas opulento.

(Há bastante tempo...)
"O sonhador, em seu devaneio, não consegue sonhar diante de um espelho que não seja profundo."

(Gaston Bachelard)