24/05/2014

Capitu


DAR-TE-IA, meu amor,
os meus olhos baú de ressaca

chamar-me-ias

Capitu,

cigana oblíqua e dissimulada


h.f.
24 mai./2014


08/05/2014

importa sim...





IMPORTA, importa sim...

padeço das ânsias
da dor

das lonjuras
e inquietudes

desse estranho amor


h.f.
8 mai/2014


07/05/2014

até na forma...


NOSSOS caminhos
se cruzam
como olhos farejam
o deleite
o aninho durante
e pós 
tempestade
até na forma, não vê?
se evidencia alguma
potencialidade...


h.f.
7 mai./2014


se desdigo


DE um modo
ou outro...
eu digo
e se desdigo
(o dito
e o não dito)
é porque corro
perigo


h.f.
6 mai./2014

Encantamento, poema de Graça Pires

Nesta quarta-feira (07/05/14), recebi o livro “Poemas escolhidos”, da poetamiga portuguesa Graça Pires, do blog "Ortografia do olhar". 

O livro veio de Parede/Portugal, e chegou-me acompanhado de uma bela dedicatória, poética como é Graça Pires.


A obra apresenta-se constituída por textos selecionados, pela própria autora, de sua criação poética, extraídos do conjunto de 12 livros publicados ao longo de 1990 a 2011.

A seguir, um poema que me (en)cantou os sentidos ao primeiro vislumbre de olhos:



ENCANTAMENTO

Amanhã, quando o chão
for a construção da nudez
e houver, entre os seus olhos
e os meus, um súbito musgo,
não se repetirá, meu amor,
o cambalear das palavras na garganta,
nem diremos a interdição dos lagos
na saliva esgotada no sal.

Alguns corpos inventam
a dimensão incondicionada da noite,
exposta e cúmplice como a terra.

Nós saberemos, lentamente,
o mel inquietante dos dedos.


Graça Pires.
In: “Poemas escolhidos”. 2012, p. 13.






À poetisa Graça Pires, o meu muitíssimo obrigada. 
Lerei o livro com a imensidão dos afetos, da poesia que une além-mar.


Abraço terno,
Hercília Fernandes.





por tanto...


DÓI.
mas dói tanto, 
tanto...
cada parte de mim
é o fim
que acalanto.


h.f.
7 mai./2014


06/05/2014

ânsia


TALVEZ seja eu
que sonhe demais
que queira demais
que exija até mais

mas talvez seja só eu
que perca os dias
as horas
os instantes

a paz


h.f.
6 mai./2014


05/05/2014

O constante diálogo


e bateu o estranhamento...
o nosso melhor diálogo
ainda é (com) o silêncio.

h.f.
5 mai./2014



Escolhe teu diálogo
tua melhor palavra
ou
teu melhor silêncio

Mesmo no silêncio e com o silêncio
dialogamos.

Carlos Drummond de Andrade,
In: "O constante diálogo" (fragmento).


"O sonhador, em seu devaneio, não consegue sonhar diante de um espelho que não seja profundo."

(Gaston Bachelard)